e ouviu 1.978 paulistanos entre os dias 6 e 15 deste mês, 76% dos entrevistados já foram abordados por ladrões e 81% tiveram parentes vítimas de algum tipo de delito. As respostas que mais impressionam no levantamento, contudo, se referem a questões subjetivas. Só 17% afirmam se sentir seguros andando de dia pelas ruas. À noite, o porcentual é de míseros 2%. Triste consequência: quase metade, 49%, já cogitou se mudar daqui por se sentir ameaçada 
Estatísticas de diversos tipos respaldam tal sensação. Se por um lado os homicídios caíram 48% desde 2006, a taxa hoje é de nove por 100.000 habitantes, pouco mais do que a da Cidade do México (8,4). Além disso, houve no período uma escalada de 93% nas mortes em assaltos e um aumento de roubos (4%). Uma das ações que mais chamam atenção no momento são os arrastões em condomínios e mansões de bairros nobres. No último dia 14, por exemplo, uma quadrilha com cerca de dez integrantes invadiu um prédio em Higienópolis e assaltou seis apartamentos. Até a noite da Quarta-Feira de Cinzas, nenhum dos bandidos havia sido preso. “São criminosos armados de forma mais pesada, com fuzis, metralhadoras e outros equipamentos de guerra, em busca de imóveis com muito dinheiro ou bens valiosos guardados”, afirma Antonio Ferreira Pinto, secretário de Segurança Pública de São Paulo.
Na tentativa de conter a ação dos bandidos, a indústria particular de segurança ganhou um corpo impressionante em São Paulo. Hoje, o número de vigias privados na cidade (113.626, segundo o sindicato da categoria) é o triplo do de policiais militares (35.000). O faturamento do setor de proteção eletrônica saltou de 256 milhões para 420 milhões de reais entre 2006 e 2010. A metrópole ficou conhecida internacionalmente como a capital mundial dos veículos blindados, com uma frota que chega a impressionantes 50.000 unidades à prova de bala. Só no ano passado, 5.725 desses carros ganharam as ruas. O número é maior do que a soma de toda a produção em 2011 de México (2.300), Venezuela (1.800) e Colômbia (1.400), países tradicionalmente férteis em clientes para esse mercado. Em nossas ruas, a blindagem vem deixando de ser exclusiva de modelos mais caros, como Mercedes e Audi. Hoje em dia, até alguns carros mais populares, como Gol e Saveiro, contam com o reforço, conforme mostra uma das histórias ao longo da reportagem, nas quais moradores da cidade narram como experiências pelas quais passaram, ou o medo do que pode acontecer, se tornam um transtorno diário na vida deles.
METRÓPOLE EM ALERTA
Pesquisa exclusiva ouviu 1.978 moradores da cidade
76% dos entrevistados já foram abordados por assaltantes
81% tiveram pessoas da família vítimas de alguma violência
71% consideram a metrópole insegura
57% sentem-se mais seguros quando estão longe daqui
49% já pensaram em deixar São Paulo por causa da criminalidade
38% acham que a falta de segurança é o maior problema da cidade